A mulher mais resistente da delegação

Com apenas 1m58 e pesando 47kg, a maratonista Marily dos Santos foi a primeira brasileira a fazer Índice A na maratona feminina para os Jogos Olímpicos, ganhando a Maratona de Florianópolis com 2:36:21, tempo melhor que o Índice A, que é 2:37:00. Ela só perde a vaga caso três brasileiras consigam melhorar o tempo dela, o que é bem difícil de acontecer. Mas é bem possível mais um ou duas vagas para o país na maratona.


A alagoana, em entrevista para Uol, não acreditava que o índice viesse naquele momento. Durante a madrugada que antecedeu a competição Gilmário Mendes, treinador de Marily, ficou desanimado ao ver a chuva e o tempo feio e disse à sua pupila que ela poderia vencer a prova, mas dificilmente faria uma boa marca. “Ele falou isso e me deu um desânimo, mas ao mesmo tempo pensei que fazer um bom tempo era tudo que eu queria”, ressalta a atleta. “Eu pensei comigo que eu queria muito vencer, então me deu um nó na garganta cinco minutos antes da largada e coloquei todas as dificuldades de lado”, completa.“Tive paciência até o quilômetro 16 e rodava as passagens com um tempo um pouco alto e fui assim até o 21”, lembra Marily. Ela aumentou o ritmo depois da metade da prova e passou a correr sozinha após um determinado ponto, ocasião em que as condições climáticas já eram mais amenas. “Deus viu que eu estava tão concentrada, que me deixou a vontade para correr mais. A minha perna não obedecia, mas minha cabeça queria muito, sentia uma dor muscular, mas sabia que seria por pouco tempo, então no final fiz um tiro nos últimos dois mil metros”, lembra.

Nos Jogos Olímpicos de Atenas, Marlene Furtunato e Márcia Narloch acabaram abandonando a prova. Em 1992, Márcia conseguiu o melhor resultado das mulheres em maratonas olímpicas para o Brasil chegando em 18º lugar dentre as 47 competidoras.

A principal meta de Marily será superar esse 18º lugar de Márcia além de correr perto de sua melhor marca. O segundo objetivo será bastante difícil já que as condições climáticas da época, verão seco no país, aliadas com a forte poluição que vem causando polêmica entre os corredores faz com que os tempos da prova tendam à ser bastante altos, por volta de 2min35, quase 20 minutos acima do recorde mundial.

Marily tinha como melhor marca até a competição de Florianópolis, segundo a IAAF, 2h43min17, em Padova. Ela já disputou corridas de São Silvestre, conseguindo melhor resultado a quinta colocação em 2003. Na meia maratona, sua melhor marca é de 1h17min10.
Ela é humilde quando fala dos Jogos: "Olimpíada é para quem pode, e tenho que me preparar para estar no nível dessa competição. Ainda tenho muito o que aprender"
NOS JOGOS OLÍMPICOS
Marily teve um início de prova forte, se mantendo no primeiro pelotão da prova nos primeiros 10km. Nesta marca, ela estava em 11º lugar apenas dois segundo atrás da líder.
Depois, começou a cair e deixar o pelotão se distanciar, terminando na 51ª posição entre as 69 que terminaram a prova e as 83 que largaram. Seu tempo foi de 2h38min10, muito perto de seu melhor resultado, mesmo com as condições climáticas longe das ideais.
Foi uma participação que ficou aquém do objetivo de melhorar a posição de Márcia Narloch em 1996, mas foi positiva em relação ao tempo conquistado pela atleta, apenas 2min de seu recorde pessoal.

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