Foi por pouco, muito pouco que as meninas do basquete do Brasil não ficaram de fora dos Jogos Olímpicos. Depois de serem eliminadas nas semi finais do pré olímpico das Américas diante de Cuba e de perderem para Bielorussia nas quartas de finais do pré olímpico mundial, o Brasil conseguiu a vaga na repescagem do campeonato pré olímpico mundial da Espanha, fechando o grupo de 12 participantes das olimpíadas.
O basquete feminino não fica de fora de uma semi final olímpica desde 1992, quando fechou na sétima posição. Em Atlanta 1996 foi prata, em 2000 bronze e 2004 ficou na quarta posição, mesma posição obtida no mundial do ano passado, disputado no Brasil. O problema é que daquele time titular, nenhuma atleta estará em Pequim: Janeth, Alessandra, Iziane, Cíntia Tuiú e Silvinha.
A primeira, se despediu da gloriosa carreira na seleção no Pan de 2007, enquanto a segunda terminou seu ciclo na seleção depois do mundial de 2006, o mesmo acontecendo com Cíntia e Silvinha. Já Iziane teve a mais polêmica das discussões. Após sair do jogo decisivo diante da Bielorrussia nas quartas de finais do pré olímpico mundial, ela brigou com o técnico Paulo Bassul e falou que não iria voltar para quadra. A atitude de Bassul foi compreensível: "Ela não joga mais".
Porém, a frase de Carlinha, atleta experiente mas que está na seleção somente a partir deste ano, foi belíssima: "Nós perdemos um time inteiro, mas ganhamos outro né?'
E o novo time conseguiu bons resultados esse ano. Comandadas por Micaela, Êga, Claudinha, Mamá e Carlinha, o time conseguiu além do título sul-americano em maio, vitória sobre a fortíssima equipe espanhola DENTRO DA ESPANHA, durante o pré olímpico mundial. Porém, a derrota para Bielorrussia nas quartas de finais na prorrogação jogou o time para repescagem, na qual abalada pela saída de Iziane, conseguiu bater Angola e por último Cuba, num jogo emocionante que marcou a revanche do pré olímpico do ano passado.
O time ainda espera a volta de Adrianinha, armadora titular que pediu dispensa do pré olímpico, e de Karen, veterana de outras olimpíadas que trará experiência para essa equipe que não disputou muitos torneios internacionais, apesar da média de idade relativamente alta.
No sorteio dos grupos para Pequim, o Brasil caiu na chave de Austrália, Bielorussia, Letônia, Coréia do Sul e Rússia. As favoritas para a chave são as australianas e as russas, que fizeram a final do mundial ano passado. O Brasil pode até dar sufoco nos dois times, mas é provável que saia derrotado destes dois confrontos.
A briga pela terceira vaga deverá ser acirrada, já que a quarta colocada provavelmente enfrentará as americanas na fase seguinte, já que as yankees são favoritas no grupo B. A equipe da Coréia do Sul, primeira adversária do Brasil, ficou apenas em 13º no último mundial e não deve trazer muitas dificuldades para nossa equipe. Porém, vale lembrar que essa mesma Coréia foi a adversária do Brasil na luta pelo bronze em 2000 e que eliminou o Brasil do mundial de 2002 nas quartas de finais.
A Letônia é a maior incógnita. Nova força do basquete mundial, o time conseguiu a vaga pelo pré olímpico mundial sem grandes dificuldades, com vitórias sobre Senegal, Japão e Angola. O time deu sorte no sorteio mas não pode ser testado em nenhuma partida. No mundial de 2006, o time sequer participou mas apareceu bem no campeonato europeu de 2007, quando ficou na quarta posição a frente de países com Lituânia, França e República Tcheca. O Brasil entra como favoritona partida, mas esta deve ser dura, muito dura.
A última rodada é diante da Bielorussia. É muito provável que as seleções cheguem nesta partida com duas vitórias e duas derrotas e elas decidam quem ficará em terceiro no grupo e desta forma não enfrentar as americanas nas quartas de finais. No pré olímpico mundial, as seleções fizeram um jogaço em que ambas tiveram chances de definir antes da prorrogação,que acabou com vitória européia. Medalha de bronze no europeu do ano passado, o time está evoluindo cada vez mais e tem um estilo de jogo rápido e com pivôs leves e altas, o que dificulta a ação das brasileiras que no garrafão são mais pesadas e fortes. Será um jogão.
Acredito que a seleção passe na terceira posição e encare ou República Tcheca ou Espanha nas quartas de finais, fazendo com que seja bem possível a vaga para as semi finais. As espanholas foram batidas pelas brasileiras nas quartas de finais dos Jogos Olímpicos de 2004 e no pré olímpico mundial deste ano enquanto as tchecas perderam para as brasileiras nas quartas de finais do mundial de 2006. Acredito numa vaga nas semi finais.
Nas semi finais, diante de russas, australianas ou americanas, a vida será bem complicada e o Brasil jogaria como franco atiradora. Por isso, penso que a seleção terminará novamente na quarta posição. Porém, uma quarta posição comemorada e suada. Claro, há possibilidades de uma final olímpica, mas acho que EUA, Rússia e Austrália estão um passo à frente.
Convocacao de Bassul
Estão escaladas Adrianinha e Claudinha (armadoras); Karen e Karla (ala/armadoras); Chuca, Fernanda e Micaela (alas); Êga, Franciele e Mamá (ala/pivôs); e Graziane (pivô). As pivôs Érika e Kelly se juntarão à equipe somente em Pequim.
NOS JOGOS OLÍMPICOS
A seleção brasileira teve um péssimo desempenho nos Jogos Olímpicos, terminando na décima posição, sem ter passado para as quartas de finais. Ao todo, foram quatro derrotas e apenas uma vitória. O grande problema da equipe foi a falta de poder de decisão, já que a seleção liderou grande parte de quatro das cinco partidas.
Em um jogo pífio, em que nenhuma das seleções superou os 40% de aproveitamento nos arremessos de quadra, o Brasil perdeu para a Coréia na prorrogação e ficou em situação delicada no grupo. A vitória esteve nas mãos no fim do tempo normal, mas o Brasil perdeu o último arremesso e sucumbiu em uma prorrogação terrível.
Na segunda rodada, uma esperada derrota para as australianas por 80x65, desta vez sem apagão no terceiro quarto, mas sim um jogo que foi perdido antes do término do primeiro tempo.
Na terceira partida, uma derrota totalmente inesperada contra a Letônia por 79x78. A seleção esteve com o jogo na mão durante toda a partida e quase se salvou da derrota com uma cesta de três faltando poucos segundos para o fim, que colocou o time na frente na partida. Porém, com uam falha na defesa, a seleção levou dois pontos nos últimos dois segundos e quase foi eliminada da competição.
Na quarta partida, o Brasil vinha surpreendendo a Rússia, ficando na frente durante os três primeiros quartos, com destaque para Adrianinha que havia marcado 23 pontos nos 30 primeiros minutos de jogo. No último quarto, entretanto, mais um apagão, e a seleção saiu derrotada por 74x64, sendo eliminada da competição.
Para comprir tabela, entrou em quadra contra a Bielorússia, e venceu sua primeira e única partida. Mesmo com uma vitória, ficou na última posição do grupo.
Um dos poucos destaques do time foi Adrianinha,que com suas bolas de três e uma boa armação, quase levou o Brasil para as vitórias. Porém, com um trabalho de pivô ainda muito deficiente, Kelly não pode ser comparada com as eternas Marta e Alessandra, além das alas terem deixado a desejar, principalmente Carla, destaque do pré olímpico, mas que não se encontrou em Pequim.