O primeiro negro do hipismo brasileiro

O hipismo adestramento foi o segundo esporte a ser analisado no nosso blog, ainda no distante mês de fevereiro. Naquela época, não acreditava muito no que o Brasil poderia fazer em Pequim e por isso dediquei apenas uma postagem para a competição por equipes e para a participação dos três cavaleiros brasileiros no individual. Quanta injustiça a minha...


Nestes quatro meses, o Brasil passou de quase desclassificado por equipes para dois atletas com nível muito bom internacional e uma ainda possível e até provável classificação por equipes. Isto porque a Federação Internacional Equestre determinou que toda equipe classificada aos Jogos(O Brasil conseguiu a vaga depois do bronze nos Jogos Pan-americanos do Rio) teria de ter três cavaleiros com uma nota superior à 64% em duas competições de nível internacional. O índice parecia de outro planeta para os brasileiros, que chegavam nesta marca apenas em competições de menor importância, com a nota menos rigorosa.

Foi aí que surgiu Rogério Clementino, o primeiro brasileiro a conseguir por duas vezes essa marca, em duas competições disputadas na Hípica Santo Amaro, em São Paulo. Ele ficou com a marca de 65,117% no segundo torneio, que juntada ao 68,542% do torneio disputado na hípica duas semanas antes o credenciou para ser o primeiro cavaleiro olímpico negro brasileiro da história.

O sul-matogrossense ainda conseguiu superar o índice outra inúmeras vezes e por isso tem chances de um bom resultado em Pequim. Seu ápice veio em uma competição na Eslovênia.
No dorso do puro sangue Nilo V.O, Rogério obteve a média final de 68,350% na prova de adestramento com coreografia livre e música. A excepcional nota – que lhe garantiu a 10ª colocação - nunca havia sido registrada por nenhum outro cavaleiro brasileiro em uma competição internacional fora do Brasil nos últimos 30 anos.

No pan-americano do ano passado, ele só entrou na equipe brasileira depois da desistência de Pia Aragão, que estava lesionada. Não decepcionou e ainda levou o Brasil para a 12 posição no torneio individual, depois de uma excelente sexta posição no primeiro dia.
O nível mundial subiu muito nos últimos anos, mas vale lembrar que a medalha de ouro de Atenas 2004 veio com a marca de 72,782%. A marca de 68,350%, melhor de Rogério, lhe daria a décima posição em Atenas. Porém, as notas estão mais rigorosas e os conjuntos mais completos, fazendo com que a nota obtida por Rogério o coloque mais ou menos em 30º lugar atualmente.

Serão 50 cavaleiros nos Jogos Olímpicos e uma posição perto dos 30 melhores será história para o país que só viu participar em duas ocasiões dos Jogos Olímpicos: Em 72 e em 2000. Vou até alterar a posição dele no "palpitomêtro", já que havia colocado muito atrás, vendo apenas os resultados de 2007.

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