Por que a palavra "Apenas"?

Na participação olímpica de todos os países, existem os que se destacam entre os primeiros colocados de suas categorias, os que vão no pelotão mediano e os que ficam mais atrás. O Brasil, claro, não é diferente e em diversos esportes os brasileiros viajam para os Jogos Olímpicos em busca de não ficar entre os últimos colocados.

Porém, a imprensa brasileira não percebe isso. Minha maior indignação é com a palavra "apenas', usada em todos os telejornais, jornais escritos, internet, rádio e se bobear até em telegrama. O jornalista informa que, por um exemplo, o vencedor da prova do ciclismo montain bike foi o francês "fulano de tal", a prata foi para o alemão "ciclano" e o bronze ficou com o inglês "beutrano". O brasileiro "José Silva" ficou APENAS na 33ª posição.

POR QUE, eu pergunto infinitas vezes POR QUE usar a palavra APENAS? Só pelo fato dele não ter conseguido a medalha ou nem ter chegado perto disso? Nessas horas, todos esquecem que ele lutou muito, superou a falta de investimento no esporte do Brasil, trocou sua família por treinos diários e chegou numa honrosa 33ª colocação entre 50 atletas. E o jornalista, que nunca ouviu falar dele e tem que fingir que sabe quem o ciclista é, faz uma cara de decepcionado como se estivesse pensando " É, o Brasil sempre atrás dos Europeus".
Ah,faça- me o favor

Usei o exemplo do montain bike, com a 33ª posição entre 50 atletas porque foi o que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Atenas quando o brasileiro Evandro Cruz chegou nesta posição na prova. Fiquei indignado pois ninguém disse, em nenhuma das TVs, que o brasileiro já tinha desistido dos Jogos e só se classificou para as Olimpíadas depois da abertura, pois abriu uma vaga entre os classificados para a prova.
Para ele, que teve a decepção de ficar fora dos Jogos e ganhou a vaga aos 47 do segundo tempo, ter disputado a competição e ficado em 33º não deve ter nada de "apenas".
Aliás, qualquer atleta brasileiro, excessão feita ao futebol masculino, não deve ser tratado com a palavra "apenas".

Outra controvérsia da imprensa brasileira acontece principalmente na natação. Quando atletas brasileiros competem no Brasil e são top de linha, exemplo de César Cielo, Kaio Márcio e Thiago Pereira, as notícias das vitórias deles nos campeonatos brasileiros são sempre assim: Fulano vence a prova dos 200m livre MAS NÃO BATE RECORDE.
Até aí tudo bem, a expectativa é sempre que eles melhorem.
Agora, quando um brasileiro que não consegue chegar as finais em olimpíadas e mundias mas ainda sim bate o recorde sul-americano a notícia é assim: Fulano está eliminado da prova dos 200m livre. Ao invés de seguir o que fazem com os top de linha: "Fulano não se classifica mas ainda sim bate recorde sul-americano". Essa última nunca foi noticiada pela imprensa. Nunca

A imprensa brasileira, até mesmo os canais esportivos especialiazados, não dão valor para os atletas que não chegam às finais enquanto o público brasileiro vangloria apenas os medalhistas, excluindo até mesmo os que chegaram perto do pódio.

Por isso, para Pequim vou tentar contar o número de vezes que a palavra "apenas" é citada injustamente na imprensa brasileira. Com certeza, o número vai ser parecido com o números de atletas do Brasil que não chegarem entre os primeiros colocados.
Absurdo!

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