A quarta chance de Edinanci

Durante os Jogos pan-americanos do Rio, em 2007, alguns jornalistas argentinos se perguntaram da onde vinha tanto carinho da torcida brasileira por uma ""simples"" judoca. A resposta é fácil, essa judoca é Edinanci Silva.


Ela se eternizou na memória do torcedor brasileiro antes dos Jogos de Atlanta, quando teve que se submeter a um exame para provar sua feminilidade, já que tem alto grau de testosterona em seu corpo. Passado o problema, ela ficou na sétima posição na competição, colocação repetida nos dois Jogos seguintes, em 2000 e 2004. Ela, nas suas três participações ficou a uma vitória de disputar o bronze.

Ela chegou aos Jogos de Atenas credenciada a uma medalha pois havia sido bronze no mundial de 2003, mas acabou decepcionando e adiando o sonho da primeira medalha olímpica de uma mulher brasileira no judô. Agora, ela chega em Pequim com uma nona posição no mundial do Rio, em 2007, e saiu da competição otimista "Hoje não foi meu dia, definitivamente. Quem sabe em Pequim ano que vem"- Disse ela com seu caracteristico bom humor.

Bom humor que as vezes é esquecido, principalmente quando entra no tatame, aos moldes de boxeadores americanos, encapuzados, concentrados e cantando. Possivelmente será a última olimpíada da paraibana, que chegará a Pequim aos 32 anos.
Ela tem no currículo duas medalhas de ouro pan-americanas. O resultado é ainda mais importante quando nota-se que na final em ambas competições, Em Santo Domingo 2003 e Rio de Janeiro 2007, ela venceu a cubana Yurisel Laborde, bronze em Atenas e bi campeã mundial (2005 e 2007) e bi vice campeã( 2001 e 2003).

Para Pequim, Edinanci que esquecer suas participações olímpicas anteriores para finalmente subir ao pódio. As chances são reais, e ela precisa estar no "seu dia" para conseguir o objetivo. Este ano Edinanci ficou em quinto lugar na etapa de Hamburgo(que venceu em 2007) e caiu na primeira luta na outra etapa da copa.
Apesar de não ter enfrentado grandes adversárias, venceu a Copa do Mundo de Belo Horizonte, em maio, na preparação para olimpíada.
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NOS JOGOS OLÍMPICOS
Edinanci não tinha a pressão de conquistar a primeira medalha da história do judô feminino, missão que o perseguiu nas suas três primeiras tentativas. Porém, ela estreou de forma apática diante da espanhola Esther San Miguel. Atenta à força da brasileira, Esther foi para a luta tentando travar o máximo possível do combate para anular a pegada de Edinanci. A brasileira, por sua vez, adotou uma postura mais ofensiva ao longo da luta, mas foi punida junto com a rival no segundo minuto. A um minuto do fim, no entanto, a paraibana se desconcentrou e sofreu um yuko. Com mais volume no duelo, Edinanci pressionou Esther, mas o máximo que conseguiu foi forçar nova punição à adversária, não necessária para alterar o resultado final.
Na repescagem, começou um novo torneio e parecia que desta vez iria conquistar a medalha. Venceu a primeira colocada no ranking mundial, a russa Vera Moskalyuk depois de ter um ippon invalidado quando já comemorava sua primeira vitória em Pequim. A pontuação foi diminuída para um yuko, o que não tirou a vitória da brasileira. Na segunda luta, venceu a italiana Lucia Morico, a mesma que a tirou da disputa de medalhas em Atenas. Com um ippon lindo, quando já vencia a luta sem dificuldades, a brasileira avançou para a final da repescagem.
Edinanci seguiu lutando bem e venceu a atleta da Mongólia Lkhamdegd Purevjargal por waza-ri e depois por ippon garantindo assim um lugar na disputa pelo bronze.
Na luta derradeira, porém, Edinanci foi derrotada pela sul-coreana Gyeongmi Jeong e terminou em quinto lugar.A exemplo de seus outros combates, Edinanci começou a luta com uma postura ofensiva. Após dois minutos, a sul-coreana aplicou bom golpe, defendido pela paraibana. Logo em seguida, porém, a rival teve sucesso, obteve o yuko e imobilizou a brasileira para conseguir a vitória.
Ela, assim como muitos brasileiros, reclamou dos adversários que já sabiam o que a brasileira faria. "Eu entrei com a vontade e a tática. Mas ela entrou com a vontade e o antídoto. Ela conhece o meu estilo, sabia que se fizesse uma luta comum poderia forçar punições. Mas o problema é que ela não veio assim. E me surpreendeu. Não esperava aquele golpe. Cheguei bem e por um vacilo deixei a medalha escapar. Não saio com raiva da minha adversária. Saio triste por não ter feito o que queria", lamentou a atleta após a derrota.

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